O diagnóstico de um câncer na infância muda toda a vida e a rotina não apenas da criança como de toda a família. Além do tratamento médico e das incertezas que se apresentam e causam angústia, há toda uma adaptação no dia a dia, que passa a incluir internações, alteração de hábitos, entre outros.
Pensando na saúde dos pequenos de uma forma integral, o setor de Oncologia Pediátrica do Hospital Regional do Oeste é referência para a região Oeste e Meio Oeste de Santa Catarina e investe em diversas práticas que resgatam o mundo infantil, apostando na ludicidade como forma de aliviar o peso do tratamento. Atendendo a 103 municípios, o serviço recebe mensalmente cerca de sete novos pacientes e realiza mais de 140 consultas e 150 sessões de quimioterapia por mês.
Um dos diferenciais do espaço é o atendimento psicológico, que atua desde o momento do diagnóstico, atendendo pacientes e familiares. “O suporte é fundamental nesta hora porque a família perde o chão, é um momento de muita apreensão, de medo e de muita dor emocional. Há uma desestrutura familiar, então eles levam um certo tempo para assimilar a notícia”, destaca a psicóloga hospitalar do HRO, Kelly Cristina Gimenez.
De acordo com a profissional, o apoio psicológico também é de suma importância para a criança, colaborando no enfrentamento dos desafios causados por essa ruptura com o dia a dia do mundo infantil, de ir para a escola, brincar com os amigos, passear e viver momentos de lazer e diversão. Os pequenos também contam com uma sala de dentista, que atende aos pacientes que precisam de algum tratamento odontológico, realizando cerca de 35 atendimentos mensais.
Além desse suporte profissional, os pacientes do setor contam com espaços especiais, que proporcionam o contato com a ludicidade, brincadeiras e interação com as outras crianças. Um deles são as brinquedotecas, espaços onde eles podem jogar videogame, ler, desenhar e pintar e se divertir com brinquedos e brincadeiras acompanhadas das monitoras.
A decoração do espaço onde são feitas as quimioterapias e tratamentos é inspirada no fundo do mar, deixando o ambiente mais leve e colorido. “Procuramos ao máximo proporcionar à criança esse lado lúdico, possibilitar esse mundo infantil aqui dentro do hospital, incentivando ela a brincar na medida das suas possibilidades, que ela saia do quarto quando puder. Também levamos eles para passear em outros andares, para que veja o pôr do sol e o dia lá fora”, destaca a psicóloga.
“O suporte [psicológico] é fundamental nesta hora porque a família perde o chão, é um momento de muita apreensão, de medo e de muita dor emocional. Há uma desestrutura familiar, então eles levam um certo tempo para assimilar a notícia” Kelly Cristina Gimenez, psicóloga hospitalar do HRO.
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Outra “regalia” que os pacientes recebem está na alimentação. Segundo a nutricionista oncológica do hospital, Cristiane Baier Ferreira, a dieta dos pequenos é sempre adaptada e costuma incluir comidas que eles gostem, de acordo com os alimentos permitidos pelo médico. “Às vezes a gente faz um cachorro quente, uma mini pizza na hora da janta, alimentos que levam alegria e conforto para eles”, afirma. No cardápio dos pacientes, também estão inclusos o consumo de picolés e sorvetes, que além de saborosos, proporcionam alívio para a mucosite, inflamação na boca que pode ser um efeito colateral da quimioterapia.
E falando em comida, não é porque a criança está internada que as datas comemorativas não vão ser celebradas. Na Oncologia Pediátrica do HRO, são feitas decorações e comemorações como Festa Junina, Natal e aniversários. “Temos um bolo fake e nos aniversários arrumamos uma mesa, pedimos para a cozinha fazer uma torta e docinhos. Comemoramos a vida, que isso é muito importante para uma criança e mesmo para quem está aqui a gente nunca deixa passar em branco”, ressalta Kelly.
A psicóloga destaca ainda a importância das parcerias para a realização das ações. “Temos diversos voluntários que colaboram muito com todas essas atividades, temos as Formigas do Bem, as palhaças dos Doutores RiSonhos, a parceria com a Unochapecó com as estagiárias que cuidam das brinquedotecas, além de outros personagens que vêm aqui para realizar brincadeiras, contar histórias e deixar o ambiente mais leve para as crianças”, revela.
Humanização que faz a diferença
A ludicidade está presente até na hora de explicar para os pequenos o diagnóstico e o porquê dos tratamentos que serão realizados. Para isso, brinquedos e histórias são os principais auxiliares. “A gente sempre trabalha com a criança de acordo com a fase de desenvolvimento, com a capacidade de compreensão. É difícil também para elas, pois são muitos procedimentos invasivos, então temos que conversar sobre o que está acontecendo, não é só chegar e fazer. Aqui todo mundo já é voltado para esse atendimento que usa uma linguagem que eles entendam, através do lúdico”, afirma Kelly.
Essa preocupação com a saúde do paciente como um todo também é resultado de um trabalho feito a muitas mãos unidas, com toda a equipe multifuncional. “Às vezes, a criança comenta algo durante o atendimento que diz respeito a outra área, então eu repasso para a nutricionista ou para a dentista ou para a médica e vice-versa, estamos sempre conversando para que a gente consiga atender o paciente e a família de uma forma integral, de forma humanizada”, destaca a psicóloga.
Para Marlene dos Santos, madrasta da paciente Camile Nogueira, de 8 anos, que está em tratamento há 9 meses, toda a atenção e os diferenciais do setor colaboram para que a menina e a família encarem o tratamento com mais tranquilidade. “Acho muito legal, o hospital está de parabéns, aqui é tudo bem organizado, tem os brinquedos, as meninas da brinquedoteca entretém eles, que é bem importante. E a Camille ama as enfermeiras, gosta muito das meninas porque tratam ela muito bem”, afirma.
Com essas ações, o HRO e a Associação Hospital Lenoir Vargas Ferreira (ALVF), consolidam seu compromisso com a comunidade do oeste do Estado, buscando sempre atender à população com toda a estrutura e dedicação necessárias.
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